Dor crônica. Dicas para melhorar a qualidade de vida

Quem sofre com DORES CRÔNICAS, sabe o quanto é complicado e sofrido, tanto para a pessoa quanto as pessoas que convivem com ela.

Por esse motivo, trouxe algumas dicas para que você possa melhorar sua qualidade de vida e conviver melhor consigo mesmo e com as pessoas que estão ao seu redor.


1 - ACOLHIMENTO



O primeiro e mais importante passo é o acolhimento, da pessoa e não apenas da doença.

A jornada de quem tem dor crônica é muito solitária e  incompreendida. Porque na grande maioria dos casos, TODOS desistiram dela no decorrer do caminho, inclusive a própria pessoa.

O diagnóstico de muitos pacientes com esse tipo de dor vem depois de MUITO TEMPO. A pessoa já passou por vários médicos e tipos de tratamento, uso de medicamentos por meses ou mesmo por anos, muitos deles sem resultado significativo ou que podem ter causado outros tipos de problemas, pois depois de usar tantos medicamentos, podem ter ficado com problemas no estômago (gastrite medicamentosa), intestino, rins e muito mais.

Não é a toa que as pessoas ficam desanimadas e começam a acreditar que o problema dela é INCURÁVEL ou que não tem jeito, nem ao menos de melhorar aquela situação.

As pessoas começam a ficar "amargas", vazias, desmotivadas e isso pode agravar ou iniciar quadros como os de DEPRESSÃO e ANSIEDADE.

Ou ainda, pode motivar a pessoa a se automedicar ou procurar tratamentos "caseiros" o que pode ser um risco altíssimo de piorar a situação.

Acolher pode ter vários sentidos. Pode ser uma conversa aberta e sem julgamentos sobre o problema, pode ser uma leitura/estudo sobre o que você tem (existem milhares de vídeos, fóruns, textos, podcasts, blogs, livros e artigos). Até existem grupos específicos no facebook onde diariamente as pessoas comentam sobre estratégias, sobre o que deu certo ou errado no tratamento delas. Basta procurar um pouco.

Ainda sobre acolher, pode ser uma autoanálise, com questões simples como:

  1. Como começou a doer?
  2. O que pode ter piorado a minha dor?
  3. Por que não procurei ajuda?
  4. Segui corretamente o que me orientaram?
  5. Posso melhorar?

Muitas pessoas não tem a MÍNIMA IDEIA DO SEU PROBLEMA. 

Identificar os fatores que causam a dor ou que fazem que a dor continue pode ser um excelente ponto de partida para elaborar uma ESTRATÉGIA de tratamento para resolver em definitivo o problema ou ao menos melhorar a qualidade de vida.



2 - SERÁ QUE NÃO TEM SOLUÇÃO?

Será que realmente não tem solução? É incurável? Não tem saída? Não tem como melhorar absolutamente nada?

Algumas pessoas "abraçam o diagnóstico" e acreditam fielmente que aquilo é absoluto. Um exemplo clássico é a FIBROMIALGIA.

Para muitos, é algo incurável. Mas, você tem certeza?

A principal característica é uma dor no corpo todo durante longos períodos que pode afetar, pescoço, cabeça, ombros, costas, quadris e joelhos. 

Os exames de imagem (ressonância, raio-x, tomografia) ou mesmo de laboratório como os de sangue ou hormônios, não apontam nada de "anormal".

O diagnóstico é feito através de um exame clínico para definição de alguns pontos de dor. Não tem exames que confirmem isso diretamente e pode estar associado a uma infinidade de outros fatores.

Então pergunto... Será que é mesmo fibromialgia? 

Ou será fruto de DÉCADAS de alterações no seu corpo?

  1. Anos sem fazer atividade física
  2. Anos fazendo esforços demasiados/exagerados
  3. Anos comendo errado
  4. Anos sem se hidratar corretamente
  5. Anos sofrendo com problemas de ordem emocional
  6. Anos sem dormir corretamente

A soma de pequenos fatores pode gerar sintomas no corpo inteiro, mas todos os itens que eu acabei de citar não vão aparecer nos exames de maneira clara ou como na maioria das vezes não vai aparecer mesmo e você às vezes não tem nem chance de contar isso para o seu médico ou quando conta, nem sempre é levado em consideração.

Mesmo que você tenha um diagnóstico, procure ouvir uma segunda opinião profissional e FAÇA coisas que podem ser ótimas para o seu corpo. Visite um nutricionista, psicólogo, educador físico, fisioterapeuta, osteopata ou outro profissional de saúde que possa te ajudar a cuidar do seu corpo. 

Tenho certeza que pode te AJUDAR MUITO a reduzir a dor, pois você vai estar cuidado de si e isso é algo que talvez você não tenha feito durante toda uma vida.

Falei brevemente sobre a fibromialgia, mas esse raciocínio se aplica a praticamente todas as doenças.



3 - NÃO ABUSE

Isso é autossabotagem!

Algumas pessoas chegam aqui no consultório se queixando de dores terríveis, e muitas vezes essas pessoas SABEM EXATAMENTE O MOTIVO!

Exemplo: Uma pessoa de 80 anos com histórico de problemas graves na coluna foi tentar arrastar sozinha um móvel pesado de 2 metros de altura por 2 metros de comprimento. Essa pessoa comentou conosco que logo após fazer o esforço as dores pioraram muito e que ficou praticamente "incapacitada" durante o restante do dia.

Ela mesma disse que não precisava fazer aquilo sozinha e que não era urgente. E que de certa forma estava arrependida, mas: "eu sempre fui assim e não vou parar agora".

Esse é só um exemplo real do que aconteceu.

Algumas pessoas INSISTEM em fazer atividades que SABEM QUE MACHUCAM O CORPO. Os motivos são vários, vou até enumerar alguns:

  1. Crença (como fez isso a vida inteira, acredita que é uma obrigação continuar fazendo, por vezes é de aspecto cultural);
  2. Autoafirmação (a idade e o corpo não permitem, mas precisa provar a si mesmo que consegue fazer determinada atividade);
  3. Ego, vaidade ou orgulho;
  4. Não aceita que o corpo envelheceu;
  5. Acredita que se parar de fazer determinada atividade não vai ser sentir mais útil e a vida perde o sentido;
  6. Sentimento de incapacidade e inutilidade;
  7. Ansiedade.

Compreender a importância da necessidade de mudanças é FUNDAMENTAL para que o corpo possa reagir mais rapidamente e conseguir se reequilibrar. Se você entende os reais motivos de estar usando um determinado medicamento, de fazer determinada atividade ou de evitar fazer algumas coisas pode ACELERAR (e muito) o processo de reparação do corpo.

Se você não segue as orientações dos profissionais de saúde que te acompanham, não tem paciência e acha que só uma única dose do medicamento ou fazer uma única sessão/consulta vai curar milagrosamente o seu problema de 20-30 anos, realmente você pode estar caminhando a largos passos para manter a dor, pois o organismo pode não ter "força" suficiente para reparar o problema.




4 - O FATOR SOCIAL

Sem dúvida um dos principais agravantes da dor crônica.

Você já deve ter ouvido estas frases: 

"Nossa, você ainda está com essa dor?"

"Você não melhora porque você não se esforça"

"Você me parece tão bem, não acredito que possa doer tanto"

"Mas você não foi no Dr? Ele não falou que você não tinha NADA e você ainda continua aí com dor?"

"Só pode ser psicológico"

"Essa dor é da sua cabeça"

"É assim mesmo, conheço tal pessoa que tem também e falou que não melhora mesmo"

"Vixe, o médico te falou isso?! Não vale nem a pena tentar, usa os remédios e pronto!"

"Não tem alguma cirurgia que resolva isso?"


Viver e conviver com pessoas que não tem ideia do que é conviver com dor torna a rotina diária um sacrifício. Para algumas pessoas, a percepção de dor está ligada somente a acidentes, doenças que deixam a pessoa acamada ou que ela precise utilizar algo no corpo para provar que existe um problema. (um colete, tala, gesso ou algo do tipo)

Isto leva a pessoa ao descrédito, e até mesmo A PRÓPRIA PESSOA COMEÇA A DUVIDAR DA SUA DOR, imaginando que isso possa ser algo psicológico (e as vezes realmente é), ou que a partir de determinado ponto, começa a NEGLIGENCIAR OS SINTOMAS, e retoma as atividades de maneira a IGNORAR A DOR.


Cada caso, cada pessoa deve ser avaliada pontualmente, não existe mágica ou atalhos. 

Acredito que quanto maior é a nossa percepção sobre nosso próprio corpo, mais fácil é observar de onde e por quais caminhos o corpo precisa de ajustes e mostram os caminhos para onde devemos nos mover para melhorar. 

A vida, a cura e a reabilitação passam pelo MOVIMENTO, sejam eles o movimento do corpo, da mente e principalmente do movimento de ações concretas que visem diminuir os fatores que "agridem" o corpo e aumentar os fatores que "beneficiam" o mesmo. 

Por vezes atitudes teoricamente simples e que todo mundo "sabe", seja o primeiro e mais importante passo para começar a melhorar definitivamente, exemplos são:

  1. Beber água/hidratar de maneira correta;
  2. Diminuir o consumo de bebida alcoolicas e cigarro;
  3. Praticar atividades físicas regularmente;
  4. Procurar dormir melhor;
  5. Evitar relacionamentos tóxicos;
  6. Evitar ações/esforços demasiados (dentro do que for possível evitar);
  7. Melhorar a alimentação;
  8. Meditar/orar ou outro caminho que te ajude a observar melhor os seus pensamentos e ações.

Todos esses são gestos/atitudes que possibilitam uma melhora da qualidade de vida em qualquer aspecto, mesmo que não esteja com dor. Para fazer isso, consulte os profissionais corretos (fisioterapeutas, nutricionistas, educadores físicos, médicos, acupunturistas, osteopatas, etc...) que auxiliem você durante essa jornada. Fazer tudo sozinho pode não ser o ideal, pois as necessidades de cada um são particulares e individuais. E, sem querer, você pode estar machucando o seu corpo.

Reflita com carinho sobre o que foi escrito acima, acredito que você possa observar alguns fatores que podem ser úteis para te ajudar a sair da dor, evitar complicá-la e encontrar caminhos/estratégias para tratar de maneira mais eficiente e te ajudar a reparar o seu corpo.

Para finalizar o texto de hoje, deixo a pergunta mais importante...


O QUE VOCÊ VAI FAZER POR VOCÊ HOJE? 


Dr. Hérick Amarante
Fisioterapeuta/Osteopatia
São José do Rio Preto/SP













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