Osteopatia e dores de origem visceral




Um dos princípios da Osteopatia é identificar a origem da disfunção e eliminar os sintomas com mobilizações e manipulações manuais.

Partindo desse princípio, uma das aplicações (talvez a mais conhecida delas) é o uso dessas técnicas para o tratamento das dores da coluna. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 80% da população mundial tem ou terá alguma desordem relacionada a coluna vertebral, e isto tem impacto importante sobre a qualidade de vida e produtividade, além de afetar os movimentos e impossibilitar ou dificultar a realização das atividades diárias.

A dores na coluna podem ter inúmeras origens. Traumas, degenerações, problemas na própria estrutura, problemas musculares, ligamentares, neurológicos, viscerais e até mesmo emocionais. Existe uma infinidade de artigos que justificam as dores, mas ainda não há um consenso sobre a sua gênese. Contudo, neste post, relaciono as disfunções viscerais nas dores lombares.

Recebo um número considerável de pacientes com queixas de dores lombares e "coincidentemente" com problemas ou disfunções relacionadas as vísceras abdominais ou pélvicas (estômago, fígado, pâncreas, rins, intestinos, útero, bexiga, ovários e no caso dos homens, a próstata). Existem ligações  importantes entre as vísceras e os problemas na coluna, que podem ser: a própria estrutura do órgão e sua respectiva função (pelo tamanho e movimentação dentro da cavidade abdominal), relações vasculares e linfáticas, relações neurológicas (sobre os nervos que saem da coluna e migram em direção as vísceras), as relações entre as próprias vísceras (alteração nas "articulações viscerais", que envolve a mecânica do movimento entre uma víscera e outra) e as fáscias (que é uma estrutura que envolve toda a região abdominal e conecta direta e indiretamente todos esses tecidos).

O movimentação ou funcionamento inadequado de uma única estrutura (o intestino por exemplo), pode alterar toda a função do organismo como um todo!
Um dos princípios da osteopatia é a universalidade do corpo e o fato de ser indivisível, ou seja, todas as estruturas do corpo se correlacionam direta ou indiretamente.
Durante a ausculta, que é um dos procedimentos de avaliação mais utilizados pelo terapeuta, é possível observar através de toques manuais específicos se determinada região não se movimenta de maneira adequada e é perceptível observar alguns sinais como rigidez, aumento ou diminuição da temperatura de determinada região abdominal, onde topograficamente se localizam algumas vísceras e a partir disto é possível testar a estrutura e os tecidos vizinhos/adjacentes àquela região que se apresenta disfuncional.

Essa disfunção (dependendo da cronicidade ou da intensidade), pode alterar a sua movimentação normal e dos tecidos que estão ao seu redor (ou mesmo a distância), e isso pode gerar uma sobrecarga mecânica, vascular, neurológica, linfática, muscular ou tensões sobre todos os sistemas a ponto de gerar um desconforto ou mesmo dor e alteração da coluna lombar.

Nesses termos, outro procedimento importante durante a avaliação do fisioterapeuta é estabelecer os prováveis motivos de diminuição ou alteração do movimento  (mobilidade e motilidade) das vísceras avaliadas e correlacionar isso com alterações posturais, cicatrizes ou procedimentos cirúrgicos, alterações crônicas, patologias/doenças associadas, correlações com outros sistemas do corpo e até mesmo correlações de ordem emocional.

Desta forma, o tratamento Osteopático tem como objetivo identificar, testar, retestar essas possíveis correlações e trabalhar para a melhora da função da víscera e da coluna, diminuindo a sobrecarga e auxiliando os tecidos envolvidos a recuperar o movimento esperado de cada estrutura, isso através de técnicas específicas para cada tecido (víscera, músculos, nervos, vasos, etc.). Tudo com muito cuidado e buscando sempre a máxima precisão e efetividade possíveis.

As sessões de osteopatia são realizadas de forma individualizada, sempre por um profissional de fisioterapia especializado na área. A frequência de tratamento é de geralmente de uma a duas sessões por semana com duração média de uma hora por conduta. Em vários casos os pacientes já referem melhora do quadro de dor (que normalmente é o motivo da consulta) e até mesmo da melhora de outros sistemas, o que possibilita uma melhora em todo o corpo.

Fica a dica!

Atenciosamente,

Hérick Amarante




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